Etanol de segunda geração e a transformação do mercado de energia

Etanol de segunda geração e a transformação do mercado de energia

O etanol de segunda geração aproveita resíduos agrícolas e reduz emissões. Entenda como este biocombustível está transformando o mercado de energia.

O que é etanol de segunda geração?

O etanol de segunda geração (E2G) é um biocombustível produzido a partir de resíduos gerados pela produção do etanol comum, como bagaço e palha da cana-de-açúcar.

Ao aproveitar esses resíduos que antes eram descartados, o E2G torna a produção de energia mais sustentável e eficiente, além de abrir novas oportunidades para o Brasil aumentar sua participação na crescente demanda global por biocombustíveis.

Qual é a diferença entre E2G e E1G

Embora a fórmula química seja a mesma, a principal diferença está na matéria-prima utilizada. No etanol 1G são utilizados o caldo e o melaço da cana. Já no etanol 2G, são aproveitados os resíduos como bagaço e a palha, que antes eram descartados.

O etanol 2G é produzido a partir da celulose encontrada nas paredes celulares da planta. Essa abordagem permite a produção de mais energia com menor impacto ambiental, utilizando as mesmas áreas de plantio.

Como é produzido o etanol de segunda geração?

Os resíduos da cana provenientes da produção do etanol convencional, como o bagaço, palha, folhas, entre outros, passam por um tratamento que quebra suas moléculas e libera açúcares que são transformados em etanol.

Esse processo envolve a ação de enzimas que convertem esses açúcares em combustível. Por conta disso, o processo produtivo do E2G é mais complexo em comparação ao E1G.

Para que serve o E2G?

O etanol de segunda geração mantém as mesma utilidades do etanol tradicional, pois ambos têm a mesma composição química. A única diferença está na matéria-prima e no processo de produção, que no caso do etanol de segunda geração é mais ecológica.

Assim, o E2G pode ser utilizado na produção de bebidas alcóolicas, medicamentos, cosméticos, combustíveis e outros produtos.

Vantagens do etanol de segunda geração

Uma das principais vantagens do etanol de segunda geração é sua capacidade de reduzir o impacto ambiental, pois utiliza resíduos e evita o desperdício de biomassa. Como não depende do plantio de novas áreas de cana-de-açúcar, contribui para aumentar a produção do etanol sem a necessidade de desmatamento ou expansão de terras agrícolas.

Esse biocombustível pode reduzir a pegada de carbono da agricultura em até 85% em comparação com o etanol de primeira geração e reduzir as emissões de gases do efeito estufa em até 108% em relação à gasolina.

Para o Brasil, a produção de E2G garante uma posição de destaque no mercado, já que o país é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo. Com este enorme potencial e a crescente demanda por biocombustíveis, o país tem muito a contribuir para a sustentabilidade na indústria e pode atrair novos investimentos externos.

Desvantagens do etanol de segunda geração

A principal desvantagem do etanol de segunda geração é o seu custo de produção. Comparado ao etanol convencional, o processo é mais caro devido à sua complexidade e necessidade de tecnologias mais avançadas.

Para converter resíduos como bagaço e palha em etanol, são necessários pré-tratamentos específicos, uso de enzimas e leveduras geneticamente modificadas, o que aumenta os custos operacionais.

Etanol de segunda geração no Brasil

O Brasil tem muito a contribuir no processo de descarbonização e no desenvolvimento de tecnologias de baixa emissão de carbono, especialmente por meio da expansão da produção de bioenergia, como o etanol de segunda geração.

Sendo o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, o país atingiu uma safra histórica na temporada 2023-2024, com um aumento de 16,8% na colheita em relação ao ciclo anterior.

Além de consolidar o Brasil como uma potência no mercado de açúcar, essa produção recorde fortalece também o setor de bioenergia. Em 2024 foi inaugurada a maior planta de etanol de segunda geração do mundo, no Parque de Bioenergia Bonfim, em Guariba, São Paulo, pela Raízen.

Esse avanço coloca o Brasil como referência mundial na busca por soluções mais sustentáveis e eficientes para substituir os combustíveis fósseis, consolidando o país como um modelo global na transição para uma economia de baixo carbono.

O que esperar do futuro?

O etanol de segunda geração tem um importante papel no futuro da transição energética global e na construção de uma economia de baixo carbono. Com as empresas cada vez mais focadas em sustentabilidade, a demanda por alternativas energéticas que poluem menos e reaproveitam recursos naturais está crescendo rapidamente.

O Brasil como segundo maior produtor mundial de etanol encontra grandes oportunidades de expandir sua participação no mercado internacional de biocombustíveis.

O avanço das tecnologias e das políticas de incentivo à energia limpa coloca o etanol de segunda geração em destaque, com grande potencial de crescimento. Ele contribui de forma significativa para um futuro mais sustentável e menos dependente de combustíveis fósseis.

Fontes:

IBP - Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás. Caminhos para a descarbonização. 2023.

MATOS, F. Etanol de segunda geração é “oportunidade espetacular” para o Brasil, diz Lula. 2024.

O GLOBO. Brasil se consolida como maior produtor mundial de açúcar após safra histórica. 2024.

RUDDY, G. Mercado paga até duas vezes mais por etanol de segunda geração, diz CEO da Raízen. 2024.

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